Por Vezes

Oscilações

Por vezes, acontecem certas coisas que não sabemos se tornam os dias melhores ou piores. Em um mundo de tantas experiências, aspirações e surpresas, não é de se espantar que isso aconteça. Ao olhar para algo ou alguém, em algum momento haverá algum impacto em nossa existência.

É incrível como os olhos, o sorriso e a conversa de alguém podem mudar completamente o dia, a semana, o mês… É como se nos sentíssemos seguros com a pessoa em questão; como se nela houvesse algo pronto para ser descoberto que a tornaria ainda mais singular. Mas, ao mesmo tempo, é possível que haja uma distância. Tudo parece acontecer de maneira tão próxima, tão suave, tão tranquila… E mesmo assim parece que existe um abismo que divide as coisas.

Esta oscilação de sensações é realmente incrível, pois parece ser daí que vem o motivo dessa pessoa despertar tanta atenção na outra. Obviamente, as coisas têm de estar equilibradas: nem tanta idealização, e nem tanta profundidade no tal abismo. Com isso, situações novas ocorrem frequentemente, e os laços se tornam cada vez mais profundos. A vontade de ter o outro por perto fala muito alto, pois é de desejo de quase todo mundo querer experimentar novos tipos de situações, ter contato com novas ideias, novos modos de agir e falar. Faz parte da experiência como ser-humano.

Em certos dias, a sensação ruim pode ter mais destaque: sentimo-nos tristes, deprimidos, achando que o mundo e as pessoas poderiam ser diferentes, mais complacentes e compreensivos. Em outro, a sensação boa pode ter mais destaque: sentimo-nos leves, alegres, achando que o mundo parece estar diferente, mais claro, mais vivo e mais receptivo. Mas, no fundo, tudo o que nos é externo tende a permanecer como está, quando se trata de períodos de tempo tão curtos quanto um dia: mentalidades não mudam subitamente, assim como costumes, culturas, modos de encarar diversas situações, e tudo o mais que define a vida social atual e a Terra como um todo. Portanto, na maioria das vezes, o que acontece é que apenas nós mesmos mudamos: o modo como nos sentimos e o que fazemos em relação a este sentimento.

Deve-se, contudo, compreender que quando se trata de pessoas, nada na mente é uma regra: algumas vezes, coisas incríveis acontecem em períodos ainda menores do que um dia. Pode ser em algum momento qualquer, em qualquer lugar, em virtualmente qualquer situação: tudo pode mudar. O grande abismo pode se tornar ainda mais fundo, mas também pode tornar-se plano, permitindo a passagem de tudo o que o caminho, antes impossível de ser ultrapassado, bloqueava.

Portanto, creio que não devemos desejar uma felicidade absoluta, tampouco uma tristeza implacável: a cada segundo que passa, nossas emoções oscilam devido aos fenômenos que ocorrem em nossa vida, aos acontecimentos e aprendizados, às distanciações e aproximações, ao passar o ao aproximar das pessoas que estão ao nosso redor ou do outro lado do planeta. A partir do momento em que se entende esta lógica, a relação com a pessoa que provoca boa parte dessas oscilações pode, enfim, ter algum sentido em nossas cabeças. Assim, talvez seja possível que nos entendamos melhor e, consequentemente, que expressemos ao outro tudo o que nos deixa inquietos ou inspirados.

O amor pode ser realmente estranho.

          “O bater de asas de uma simples borboleta pode causar um tufão no outro lado do mundo.” – Teoria do Caos.

Vinícius Fratin Netto – 06/11/2013

Porto Alegre.